Quem Foram Estes, Chamados “Leões”?

 


Quem Foram Estes, Chamados “Leões”?


Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; - I Pedro 5:8 (ACF)

 


A quem Robert Francis Prevost deseja homenagear ao escolher o apelido de Leão XIV? Vejamos um resumo histórico de seus antecessores, supostamente, “infalíveis”:


 

Papa Leão I (440-461)



 

Foi conhecido como Leão "Magno" (i.e., grande, poderoso, ilustre etc). Valeu-se, inteligentemente, da corrupção sexual para expandir o poder político da igreja, principalmente sob o imperador Valentiniano e as invasões de Atila, o Huno. 


Era um homem estranho, rigoroso em relação à virgindade das mulheres, exigindo que elas fossem “testadas” durante 6 anos, antes de poderem receber o véu e se tornarem freiras. No entanto, permitiu que os bispos mantivessem suas esposas. 


Era dado a torturas, sendo considerado perverso e sádico. Perseguiu e torturou Maniqueístas brutalmente. O que desejava ouvir de suas vítimas era muito específico. Elas eram forçadas a confessar que haviam misturado sêmen ao Sacramento e que, para tanto, tinham utilizado jovens, abusando-as no altar. Leão foi o primeiro papa a reivindicar o direito de condenar à morte os hereges, ou seja, todo e qualquer um que o desagradasse.

 

 

Papa Leão II (682-683)


 

Foi papa por apenas alguns meses. Durante seu papado ocorreu o Terceiro Concílio de Constantinopla, o chamado "sexto concílio ecumênico", que condenou o monotelismo anteriormente defendido pelo Papa Honório I (625 – 638).


 

Papa Leão III (795-816)


 

Não foi adepto do celibato, não era popular e em razão de avanços muçulmanos ordenou, defendeu e praticou a idolatria às imagens. Certa ocasião, a caminho da missa, foi capturado numa emboscada por uma gangue que cortou seu rosto e tentou, sem sucesso, arrancar seus olhos e cortar sua língua.


Depois de formalmente deposto, foi preso em um mosteiro. Com a ajuda de amigos, fugiu e buscou abrigo com Carlos Magno, rei dos francos. Quando enviados dos rebeldes se apresentaram à corte de Magno, acusaram Leão III de adultério e perjúrio. As acusações apresentavam fundamento. Leão III, então, valeu-se da mesma defesa utilizada pelo Papa Símaco (498-514), a de que não havia nenhuma autoridade na Terra capaz de julgar um papa.

 

Carlos Magno não se deixando enganar por tão fraca linha de defesa, levou Leão III de volta à Roma e instalou uma assembleia mista de francos e romanos para examinar as acusações contra ele. No entanto, quando Leão repetiu o argumento de Símaco, a assembleia recusou-se a julgá-lo.

 

Em Roma, Carlos Magno aproveitou a oportunidade para ser coroado imperador do sacro Império Romano (800), o I Reich. Diplomática e convenientemente, Leão oficiou a cerimônia e quando colocou a coroa na cabeça do rei, ajoelhou-se diante dele em homenagem. Foi o primeiro e o último papa a se prostrar diante de um imperador ocidental. Ao longo de todo o reinado de Carlos Magno, manteve uma conduta discreta, apesar do imperador, o grande protetor da igreja, não ter um comportamento que lhe permitisse dar lições de moral a ninguém[1].

 

Depois da morte de Carlos Magno em 814, Leão III voltou às antigas artimanhas. Quando uma nova conspiração para matá-lo foi descoberta, ele acusou os participantes de traição, julgou-os pessoalmente e condenou muitos deles à morte. Também gastou enormes somas de dinheiro com a construção de um novo salão de banquetes no Palácio de Latrão e manteve o lugar com muito luxo. Um grande mosaico mostra-o com Carlos Magnus e o Apóstolo Pedro. Em 1673, Leão foi canonizado com a justificativa espúria e mentirosa de que um milagre havia restaurado seus olhos e sua língua.

 

Sobre o pontificado de Leão III – e posteriormente por seus sucessores do Século IX, muitos mosteiros se tornaram refúgio de homossexuais e os conventos viraram bordéis onde bebês indesejados eram mortos e enterrados. O concílio de Aix-La -Chapelle, em 836, reconheceu esse fato.

 

Nos esforços para melhorar a imagem pública da igreja, os clérigos foram proibidos de manter mães, tias ou irmãs em suas casas, pois o pecado do incesto era frequente e comum entre eles. Religiosos franceses registraram que essa norma resultou ainda mais em crianças indesejadas e infanticídios.

 

Papa Leão IV (847-855)



Seu nome está ligado à sombria e vergonhosa história do Papa João Anglicus, excluído dos anais do Vaticano, pelo que aparece Benedito III como sucessor de Leão IV.

 

Quando Leão morreu, João foi escolhido como papa e foi pontífice por dois anos e meio! Historiadores católicos[2], no entanto, relataram que João era na verdade uma mulher inglesa e que ela era a viúva de Leão, atuando após sua morte como seu sucessor. Foi chamada de Papisa Joana.


 

Afirma-se que durante seu papado seu capelão a engravidou e, durante uma procissão solene, entrou em trabalho de parto no meio da cidade e diante de todo o povo ela deu à luz um filho, morrendo na ocasião. Por descrição histórica essa rua estreita fica entre o Coliseu e São Clemente, e até hoje é tradição que os papas evitem passar por ela.

 



Desde o século X, após a eleição, os papas devem passar por um teste para confirmar serem do sexo masculino. O novo papa deve sentar-se numa cadeira, sendo costume entre os romanistas “checar o sexo do papa através de um buraco num assento”, a fim de confirmar que a Igreja Romana não havia elegido um papa mulher.


 

A chamada Sedes Stercoraria (formato de privada, latrina, o "lugar de expelir esterco"), é usada como a “cadeira certificadora” que é “aberta em baixo” e, de acordo com o costume: “É ofício do diácono mais jovem apalpar os genitais de ‘Sua Santidade’”. Após a confirmação ele grita: “Ele tem testículos!”. Todos os clérigos presentes replicam: “Deus seja louvado”. Só então os clérigos se preparam alegremente para a sagração do novo Papa.

 

 

Papa Leão V (903)



Durou pouco, sendo a Igreja Romana em sua época palco de intensas e incessantes intrigas nefastas e crises cruentas com crimes hediondos sendo praticados. Foi assassinado (estrangulado) a mando de seu sucessor, Sérgio III (904-11).

 

Papa Leão VI (928)



Ligado à matrona de má fama dos Teofilactos, Marozia, num período denominado pelos historiadores católicos como “pornocracia”[3] ou “governo das meretrizes” e também chamado o “ponto mais baixo do papado”[4].


Foi Marozia que nomeou Leão VI depois do assassinato de João X. Depois, ela nomeou Estevão VII (928-31). Marozia foi amante do Papa Sérgio III, de quem teve um filho ilegítimo, a quem também acabou nomeando como papa João XI (931-6). Por ordem de Marózia, Leão VI foi assassinado de forma violenta em dezembro, no mesmo ano que foi eleito.

 

Papa Leão VII (936-939)



Expulsou de cidades dominadas pelo catolicismo os judeus que se recusassem a “se converterem” ao catolicismo. Sua morte é incerta, mas afirma-se que morreu de um ataque cardíaco após um encontro sexual com uma de suas amantes.

 

 

Papa Leão VIII (963-965)

 



É considerado antipapa, ou ilegítimo. O Anuário Pontifico não o consigna. Não é estranho, dessa forma, que os romanistas continuem a numeração dos assim apelidados com a alcunha de "Leão" ?

 

 

Papa Leão IX (1049-1054)



Esse papa tem seu nome principalmente ligado à chamada Grande Cisma do Oriente, que separou a Igreja Católica Romana da Igreja Ortodoxa Grega. Em seu papado Roma se consumia em crimes de simonia (vendas de indulgências) e o concubinato dos padres com amantes, freiras, prostitutas e meretrizes.

 

 

Papa Leão X (1513-1521)

 



Giovanii de’Médici, filho de Lorenzo de’Médici, foi feito clérigo aos 7 anos e cardeal aos 14 anos pelo depravado Inocêncio VII, cujo período foi marcado por escândalos, violência, prostituição, torturas e mutilações nas guerras entre Médicis e Bórgias.

 

Foi sucessor de Júlio II. Era um homem extravagante, corrupto, homossexual, dado à venda de indulgências, amante do luxo e da opulência. Foi em durante seu papado que Lutero iniciou seu movimento de Reforma.

 

 

Papa Leão XI (1605)



Seu papado durou menos de um mês, três semanas para sermos exatos. Em 1605 Henrique IV de França gastou 300.00 scudi para garantir que esse papa Médici, Alessandro Ottaviano de' Médici, fosse eleito papa Leão XI. Esse valor foi considerado um “dinheiro mau gasto”, pois já tinha 70 anos quando foi eleito e morreu, afirma-se, em resultado da fadiga e do frio por ocasião da cerimônia de sua posse. Era defensor do poder totalitário papal.

 


Papa Leão XII (1823-1829)




O cardeal Annibal dela Genga foi proclamado papa, assumindo a alcunha de Leão XII. Tinha 63 anos e foi considerado uma exceção, já que o costume era o de eleger cardeais mais velhos, próximos de morrerem, para que outros pudessem ter a oportunidade de também desfrutar do cargo.

 

Apesar da idade, era muito doente, “em consequências de seus excessos em todo tipo de safadezas”. Leão XII era bem conhecido como um “devasso convertido”, incapacitado por hemorroidas crônicas.

 

Durante seu papado tomou medida tirânicas e ditatoriais: obrigou judeus libertados da revolução francesa a voltarem para os guetos e a viverem cercados de muros e portões trancados, impedindo-os de possuir imóveis, encerrou atividades em estalagens, proibiu a quem saísse à noite de portar lanternas, impôs medidas recessivas à liberdade de expressão, proibiu o comércio entre judeus e cristãos, introduziu a execução de prisões durante julgamentos, instalou uma caixa de ferro à porta de sua residência onde as pessoas podiam depositar suas denúncias anônimas. Foi acusado de ser amante da esposa de um guarda suíço, por nome Pfiffer, mas a investigação nunca foi levada a diante.

 

Papa Leão XIII (1878-1903)




Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci-Prosperi-Buzzi assumiu o apelido de Papa Leão XIII, defendendo que o “Estado só é verdadeiramente livre quando apoia a Igreja (Romana) e a Igreja (Romana) é o melhor bastião de um Estado pacífico”.

 

Gostava muito de se rodear dos aparatos da realeza e exigia que os que fossem recebidos por ele se ajoelhassem diante dele, não permitia que seu séquito se sentasse em sua presença e nunca, em vinte e cinco ano, trocou uma única palavra com seu cocheiro.

 

Nutriu o desejo ardente de que o papado arbitrasse as nações, e o Vaticano fosse o centro da rede da política mundial, num poder totalitário medieval.

 

 

Papa Leão XIV (2025 - ? )

 


 

O americano Robert Francis Prevost adotou o pseudônimo de Leão XIV e foi eleito enfrentando acusações de “fazer vista grossa” ao ser confrontado com alegações de abuso sexual infantil contra padres em suas igrejas em Chicago e na América do Sul, enquanto ainda era cardeal.

 

Leão XIV é acusado por um grupo de sobreviventes de seus abusadores clérigos de ignorar fortes alegações de abuso nos EUA e no Peru — preocupações que eles transmitiram aos cardeais que o escolheram. “Não se pode encobrir abuso sexual e ser um bom padre”, disse Lopez de Casas, vítima de abuso clerical e vice-presidente nacional da Rede de Sobreviventes de Abusos por Padres (SNAP).

 


E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. – Mateus 23:9 (ACF)  [Pai, do grego “pater”: padre, santo padre, papa.]

 

Maio, 2025. Revisão 01.


Para saber mais, segue Bibliografia consultada e recomendada:


.A Vida Sexual dos Papas, C., Nigel. Editora Prestígio. 1996.


.Santos e Pecadores, História dos Papas. D., Eamon. Edições 70. 1997.


.A História Secreta dos Papas, Assassinato e Corrupção no Vaticano. L. R., Brenda. Editora Europa.2009.


.Encyclopedia Britannica do Brasil,1983.





[1] Ele se divorciou de sua primeira esposa, teve seis filhos com a segunda e desta também se livrou. Uma terceira deu-lhe duas filhas e ele teve mais uma com uma concubina. Sua quarta esposa morreu sem filhos, mas ele se consolou com outras quatro concubinas. Atitudes nunca condenadas por Leão.

[2] Crônica Universal de Metz, por Jean Mailli - frade domiciniano; Chronicon Minor, por Estevão de Bourbon – frade domiciniano; Crônica dos Papas e Imperadores, por Martin Troppau – frei domiciniano; N.C. Kist, historiador católico; Mirabilia Urbis Romae, por Adam Usk; Liber Notarum, por Johann Buchard – mestre-de-cerimônias do Papa Inoceêncio VIII, Alexandre VI, Pio II e Júlio II.

[3] Annales Ecclesiastici, Cardeal italiano e historiador eclesiástico César Barônio.

[4] Will Durant, historiador romanista.





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