O Crente
e a Doutrina Pagã dos Quatro Temperamentos
O texto a seguir foi
extraído do livro “Quatro Temperamentos, Astrologia e Testes de
Personalidade”, de Martin e Deidre Bobgan, 1992:
Muitos cristãos acreditam
que podem ganhar grande introspecção, ou autoanálise, sobre si mesmos e
sobre os outros, estudando as características de personalidade da doutrina
pagã dos “quatro temperamentos”. Os autores de livros evangélicos de
autoajuda psicológica, que pregam e seguem esta doutrina, afirmam explicar
“por que você age da maneira que você age” e como você pode:
•
“Analisar seus pontos
fortes e fracos.”
•
“Descobrir como Deus pode
usar seus dons.”
•
“Melhorar seu
relacionamento com os outros.”
•
“Progredir na sua
carreira, tanto profissional quanto cristã.” [1]
Os depoimentos são
numerosos. Após anos de casamento, uma mulher lê um livro sobre os quatro
temperamentos e acredita que entende o marido pela primeira vez. As mães são
convencidas de que, ao descobrirem se seus filhos pequenos são sanguíneos,
coléricos, melancólicos ou fleumáticos, poderão compreender por que seus filhos
se comportam daquela maneira.
Muitos entusiastas dos
ensinos sobre os temperamentos acreditam que conhecer os temperamentos lhes
dá maior habilidade no relacionamento com os amigos. Eles afirmam saber qual
tipo de pessoa chegará atrasado para o almoço, qual será pontual e qual
chegará cedo. E assim que começarem a usar o sistema dos quatro temperamentos,
eles serão convencidos de que ele é preciso e confiável.
O que é a Doutrina dos Quatro
Temperamentos?
A teoria dos quatro
temperamentos é um sistema pagão antigo, concebido para compreender a
natureza humana e, assim, melhorar a condição humana. A teoria divide as
pessoas de acordo com várias características de personalidade que parecem
constituir seu temperamento básico. Algumas pessoas tentam distinguir entre o
temperamento de uma pessoa e sua personalidade, dizendo que os traços de
temperamento são inatos, enquanto os traços de personalidade são o resultado da
natureza, do meio em que ela vive e da criação aplicada por seus pais
ou responsáveis. No entanto, a distinção nem sempre é possível ou clara.
As quatro categorias de
temperamento são: Sanguinário, Colérico, Melancólico e Fleumático. Cada
categoria, ou tipo, é definido por uma lista de termos descritivos. Em seguida,
as pessoas são atribuídas a um ou mais tipos, combinando a pessoa com as
descrições.
A tabela a seguir
apresenta cada um dos quatro temperamentos, com uma breve lista de
características geralmente associadas a cada temperamento.
Sanguíneo |
Colérico |
Melancólico |
Fleumático |
Alegre |
Otimista |
Melancólico |
Calmo |
Amigável |
Ativo |
Sensível |
Confiável |
Falador |
Confiante |
Analítico |
Eficiente |
Animado |
Obstinado |
Perfeccionista |
Tranquilo |
Inquieto |
Rapidamente irritado |
Insociável |
Passivo |
Egocêntrico |
Agressivo |
Temperamental |
Teimoso |
Independente |
Age irrefletidamente |
Rígido |
Preguiçoso |
A
lista acima é breve e incompleta. À medida que a teoria foi transmitida ao
longo dos séculos, as descrições de cada tipo foram modificadas e ampliadas. Os
termos descritivos de cada tipo nem sempre são consistentes entre aqueles que
usam o sistema dos quatro temperamentos. Para alguns, uma característica
particular, como liderança, seria usada para descrever o Colérico; para outros,
descreveria o Sanguíneo. Assim, as listas não são fixas e nem totalmente
fechadas. Eles variam de acordo com quem as apresenta.
Geral ou
Específico?
As
categorias de temperamento são muito amplas e gerais. Elas não são específicas.
No entanto, quando vários escritores descrevem os temperamentos, as descrições
podem ter a enganosa aparência de serem muito específicas e exatas.
Observe, por exemplo, quão específica soa a seguinte descrição da personalidade
sanguínea. Foi escrita pelo filósofo do século XVIII, Immanuel Kant.
. . . o sanguíneo é
despreocupado e cheio de esperança; atribui grande importância ao que quer que
esteja lidando no momento, mas pode ter esquecido tudo no momento seguinte. Ele
pretende cumprir suas promessas, mas não consegue fazê-lo porque nunca considerou
profundamente se seria capaz de cumpri-las. Ele é bem-humorado o suficiente
para ajudar os outros, mas é um mau devedor e pede constantemente mais tempo
para pagar sua dívida. É muito sociável, dado a brincadeiras, alegre, não leva
nada muito a sério e tem muitos, muitos amigos. Ele não é cruel, mas é difícil
de se converter dos seus pecados; ele pode se arrepender, mas esta contrição
(que nunca se torna um sentimento de culpa) é logo esquecida. Ele fica
facilmente cansado e entediado com o trabalho, mas está constantemente
envolvido em meros jogos – estes trazem consigo mudanças constantes, e
persistência não é seu forte.[ii]
A
criatividade está sempre envolvida na descrição típica dos temperamentos
sanguíneo, colérico, melancólico ou fleumático. Essas descrições de
temperamento geralmente se assemelham mais a personagens de filmes, ou livros,
do que a qualquer tipo de categoria cientificamente estabelecida para analisar
as pessoas.
Por que a Doutrina Pagã dos Quatro Temperamento é
Tão Popular?
A doutrina dos quatro
temperamentos, que em grande parte saíram de moda desde os tempos medievais,
tornaram-se populares entre os cristãos evangélicos da mesma forma que a
astrologia e os quatro temperamentos entre os não-cristãos. Talvez devido às
complexidades cada vez maiores da vida e às numerosas teorias de sistemas
psicológicos complexos, as pessoas procuram formas simples de compreenderem a
si mesmas e aos outros.
E é
por isso que os quatro temperamentos ressurgiram do paganismo. Eles são
fáceis de entender e usar. Eles oferecem explicações simples para a
complexidade das diferenças individuais e propõem soluções simples para
problemas complexos da vida. Além disso, muitos cristãos confiam na teoria
dos quatro temperamentos porque acreditam que ela é confiável, útil e
compatível com a Bíblia.
Desde
o início, as tipologias foram concebidas para ajudar as pessoas a
compreenderem-se e a melhorarem a sua condição. Cada um dos quatro temperamentos
possui características positivas e negativas. Os traços positivos são chamados
de “pontos fortes” e os negativos são chamados de “fraquezas”. Assim, a ideia é
ajudar as pessoas a compreenderem a si mesmas e aos outros através da
identificação de traços positivos e negativos.
Então,
uma vez que elas se entendam de acordo com seus pontos fortes e fracos, poderão
trabalhar para aprimorar seus pontos fortes e superar suas fraquezas. Além
disso, uma vez que tenham colocado um ao outro em caixas, não ficarão tão
surpresos quando traços emergem no comportamento. Haverá uma ilusão de ser
capaz de prever o comportamento.
Verdadeiro e Confiável?
A
teoria dos quatro temperamentos também dá uma ilusão de verdade. Pode-se
aplicar todos os traços descritivos a todos os humanos, em maior ou menor grau.
Portanto, quando as características do temperamento são colocadas em
categorias, as pessoas podem facilmente ver a si mesmas por causa da natureza
universal destas características, como amigável, confiante, sensível, confiável
e assim por diante.
Então,
quando as pessoas são informadas de que elas podem ser uma combinação dos
quatro temperamentos, elas podem facilmente enquadrar-se em uma classificação.
Isso não significa que os quatro temperamentos sejam, em si mesmos, precisos ou
úteis. Significa apenas que consistem em características universais e que as
pessoas podem identificar-se com elas até certo ponto.
Os
quatro temperamentos envolvem categorias amplas, definidas arbitrariamente por
palavras descritivas que são universalmente aplicáveis e que se aplicam a um grande número de pessoas. No entanto, quando as pessoas aplicam
categorias a si mesmas e aos outros, pensam que possuem informações
específicas. Na verdade, elas pode ter alguma aproximação ampla, que pode ser
parcialmente verdadeira em um sentido muito geral. Isso é referido na
literatura de pesquisa como Efeito Barnum, em homenagem ao showman proprietário
do circo P. T. Barnum (i.e., uma referência a algo que é ilusório,
fantasioso, um truque de linguagem que funciona tal qual uma ilusão de ótica
mental).
Em seu
livro “Astrologia: Os Céus Governam Nosso Destino?” John Ankerberg e John
Weldon declaram que “o mapa de qualquer pessoa é potencialmente relevante para
todas as outras pessoas”[iii]. Tal como
na astrologia, uma categoria específica dos quatro temperamentos é
potencialmente relevante para todos. Como mostraremos mais adiante, há mais
possibilidades de variação entre os doze signos do zodíaco do que entre os
quatro temperamentos. Assim, a sua declaração seria ainda mais aplicável aos
quatro temperamentos.
Apesar
da falta de evidências científicas ou de estudos bíblicos, os livros sobre
identificação e transformação de temperamentos muitas vezes parecem confiáveis.
Eles incluem uma mistura de informações plausíveis com
especulações selvagens e falsas apresentadas como fatos comprovados. Uma
vez que uma pessoa esteja ligada a esse sistema de compreensão de si mesma e
dos outros, ela verá tudo a partir dessa perspectiva. Assim, uma vez que
uma pessoa estiver convencida de que se enquadra num categoria específica ou
combinação de categorias, ele procurará e notará as evidências que a confirmem.
Ela procurará validação e a encontrará mesmo quando ela não existir de fato.
Ele até tenderá a agir de acordo com seu novo entendimento. Em outras
palavras, ele se enquadrará nessa categoria. (É muito difícil, diríamos
impossível mesmo aos homens, a conversão de alguém dominado(a) pelo paganismo
da psicologia, ou dos crentes e igrejas locais por ela contaminados, a um
retorno à compreensão bíblica e espiritual. É uma obra que somente o Espírito
Santo poderá realizar, pois será um verdadeiro milagre)
Peter
Glick, no seu artigo “Stars In Our Eyes” – Estrelas em Nossos Olhos,
diz que a tendência de procurar e notar provas confirmativas explicando o
porquê, “apesar da falta de qualquer prova da sua validade ...milhões de
pessoas recorrem aos horóscopos todos os dias em busca de pistas que orientem
suas vidas.”[iv]
O mesmo se aplica à doutrina dos quatro temperamentos. Eles parecem ser
verdadeiros porque as pessoas querem que sejam verdadeiros. Eles parecem
funcionar porque as pessoas querem que funcionem.
Maior Entendimento?
Outra
razão para a sua popularidade é que o conhecimento da teoria dos quatro
temperamentos também pode dar a ilusão de uma visão excepcional de si mesmo e
dos outros.
Ao
usar lista de palavras e frases descritivas, as pessoas atribuem a si mesmas e
a outras as categorias de Sanguíneo, Colérico, Melancólico e Fleumático. A
suposição é que, depois de colocar alguém em uma categoria, elas podem
compreender e conhecer essa pessoa melhor. Contudo, todo o processo de colocar
uma pessoa numa categoria não leva a nenhuma compreensão adicional ou
substancial de ninguém.
O
processo de categorização de si mesmo e dos outros depende de conhecimentos
subjetivos prévios. Tudo o que acontece é que o conhecimento subjetivo que já
se tem sobre uma pessoa é organizado segundo um arranjo artificial e recebe um
nome. Por exemplo, se você “descobrir” que seu filho é “Fleumático”, você já
estava familiarizado o suficiente com suas características para alinhá-las com
os adjetivos listados em “Fleumático”.
Tudo o
que você fez foi combinar as características descritivas e chegar a um nome:
“Fleumático”. Mas, visto que a lista não poderia incluir tudo sobre seu/sua
filho(a), a palavra Fleumático pode ser imprecisa e enganosa. Você pode
realmente entender ainda menos seu/sua filho(a) por ter correspondido
sua personalidade aos adjetivos disponíveis, porque agora você pode se
concentrar nessas características e ignorar outras que podem ser muito mais
importantes do que as que você subjetivamente classificou.
Conhecer
os traços e categorias da doutrina dos temperamentos pode, na verdade,
dificultar o conhecimento e a compreensão de nós mesmos e dos outros. Por
exemplo, uma característica pode ser notada numa pessoa numa situação
particular. Então, tão rapidamente quanto um flash, essa pessoa é colocada em
uma categoria e atribuída a outras características associadas a esse
temperamento, independentemente das outras características se aplicarem
especificamente ou não. Assim, à medida que uma pessoa é colocada em uma
categoria de temperamento, há uma tendência de ver essa pessoa de acordo exclusivamente
com essa categoria. Então o usuário do temperamento pode simplesmente
reagir ao rótulo, em vez de responder a ele como uma pessoa viva, uma pessoa real.
Usar
tipologias de temperamento ou personalidade mina a complexa variedade de
diferenças individuais expressas dentro da vasta possibilidade de interações e
circunstâncias sociais. As pessoas não são, nem não agem, exatamente da
mesma forma em circunstâncias diferentes. Alguém que pode parecer reservado e
quieto em algumas circunstâncias pode ser altamente expressivo e extrovertido
em outras.
Desculpa Para o Mau Comportamento?
Outra
razão para a grande popularidade dos quatro temperamentos, principalmente
entre os neoevangélicos, pode ser o seu apelo carnal. Aqueles que encorajam
os cristãos a utilizarem a teoria dos quatro temperamentos para o
crescimento espiritual chamam a atenção consistentemente contra o uso, por
parte do paciente, das suas “fraquezas de temperamento” como
desculpas para o comportamento pecaminoso.
(I.e.,
você deve “usar menos” ou “trabalhar menos nas fraquezas”, “perdoar a si mesmo”
quando falhar ou “não se julgar” tão rigidamente, “não levar a sério” o mau
comportamento, buscar “progredir sem se cobrar tanto” e, principalmente, jamais
chamar suas “fraquezas de temperamento” de pecado, quando muito chame-as apenas
de “doença”, etc...)
Infelizmente,
essa é uma grande tentação: deixar de “compreender” por que ajo de determinada
maneira e passar a “desculpar” o comportamento pecaminoso por causa do “meu
temperamento”. Sempre que o comportamento pecaminoso é rotulado como
“fraqueza”, há um menor senso de responsabilidade e uma sensação persistente de
estar preso ao desamparo. Uma vez resignado com a própria fraqueza, pode-se
tentar “compensar” essa “fraqueza”, desenvolvendo e concentrando-se nos
chamados “pontos fortes” do temperamento específico que se pensa ter.
Apelo À Carne e Ao Orgulho?
Embora
alguns possam ficar tentados a usar seu “tipo de temperamento” para desculpar o
seu comportamento pecaminoso, outros podem se sentir atraídos pelas qualidades
positivas associadas aos seus tipos de personalidades. Cada categoria tem
características positivas que uma pessoa pode aplicar a si mesma.
É
fácil para muitas pessoas se enquadrarem em diversas categorias através de
listas de características positivas. É quando surgem características negativas que
as pessoas tendem a fugir de certas categorias e limitam-se principalmente a
uma determinada categoria – desde que o que é positivo supere o que é negativo.
A doutrina dos quatro temperamentos parece funcionar por causa das
ilusões positivas que as pessoas têm sobre si mesmas (i.e., egocentrismo,
autoestima, soberba, orgulho).
A
outra tentação, então, é ficar orgulhoso do próprio temperamento e de si mesmo.
“Oh, sim, sou sanguíneo! Sou extrovertido, amigável, caloroso e entusiasmado.
No entanto, não sou inconsistente, por isso devo ser parcialmente fleumático.”
Na verdade, pode-se escolher entre as características e chegar a um resultado de
uma concepção muito sedutora e enganosa de si mesmo simplesmente por aplicar
características atraentes a si mesmo.
Sempre
que existe um sistema que incentiva pessoas a “se analisarem”, o autofoco pode
levar ao orgulho. Ou, pode levar ao orgulho reverso – à autopiedade ou a qualquer
uma das outras atividades mentais autocentradas, cheias de preocupações e
ansiedades do coração.
Melhorar A Comunicação?
Outras
razões para a popularidade da doutrina pagã dos quatro temperamentos são
as promessas diretas e implícitas de melhorar a comunicação. Quando os autores
de livros sobre temperamentos sugerem maneiras de melhorar a comunicação
através da compreensão dos quatro temperamentos, há um requisito subjacente
para descobrir o temperamento do cônjuge, dos filhos, dos parceiros de negócios
e de outras pessoas com quem se possa desejar uma melhor comunicação. Todos os
tipos de pessoas, incluindo muitas que professam o cristianismo, estão
analisando a si mesmas e aos outros de acordo com os quatro temperamentos. Em
vez de se comunicarem com base no amor e na verdade revelados nas Escrituras,
eles estão tentando manipular os relacionamentos para se adequarem aos pontos
fortes e fracos do temperamento. Na verdade, usar os temperamentos pode
transformar interações espontâneas em intercâmbios manipulativos.
Autoaperfeiçoamento ou Santificação?
Os
livros mais vendidos sobre os quatro temperamentos e outras tipologias
semelhantes dão às pessoas a ideia de que podem mudar para sempre, desde que
tenham esse conhecimento especial (gnosticismo). Algumas pessoas pensam
que através deste conhecimento específico podem substituir os seus pontos
fracos pelos seus pontos fortes e, assim, reforçar a sua própria identidade e
melhorar o seu comportamento. Promessas de melhoria e mudança abundam em livros
que oferecem “temperamentos transformados”.
Alguns
livros equiparam a natureza humana pecaminosa aos quatro temperamentos e o
fruto do Espírito ao chamado novo temperamento que um cristão adquire quando
nasce de novo. Os livros oferecem ainda mais do que autoaperfeiçoamento; eles
oferecem um temperamento totalmente novo para realçar e aprimorar os pontos
fortes do temperamento existente, que já foi identificado pelas Sagradas
Escrituras como sendo a natureza pecaminosa decaída. Assim,
através da religião paganizada dos quatro temperamentos, o novo
nascimento supostamente dá à pessoa um novo temperamento, que supostamente
melhora e realça o temperamento antigo, pecaminoso e natural. Obviamente, tentar
casar a teoria dos quatro temperamentos com as doutrinas da salvação e da
santificação leva a uma grande confusão teológica.
Em vez
de esclarecer as doutrinas bíblicas a respeito do homem – criação, queda,
salvação e santificação – focar nos quatro temperamentos turva a água. Pior
ainda, a teologia paganizada dos quatro temperamentos envenena a água
pura da Palavra de DEUS.
Quando
alguém usa a Bíblia para promover teorias “de estimação” e transfigura o fruto
do Espírito em traços de temperamento, acaba-se com uma religião de salvação
por obras sendo pregada e defendida. Na melhor das hipóteses,
estudar os quatro temperamentos ajuda apenas em um autoaperfeiçoamento
superficial, artificial e ilusório. Mas, mesmo essa possibilidade jamais
foi verificada cientificamente. O cerne da questão é este: deveriam os cristãos
aprender e utilizar a teoria pagã da personalidade dos quatro
temperamentos ou qualquer outra teoria psicológica da personalidade com o
propósito de compreender a natureza humana e progredir na sua vida espiritual?
Compatível com As Escrituras?
Muitos
cristãos são cativados pelas popularizadas doutrinas dos quatro temperamentos,
porque estão convencidos de que os seus ensinamentos são compatíveis com
as Escrituras. Vivemos em uma sociedade psicologizada.
Muitos
cristãos tornaram-se ‘psicólogos-conselheiros’ que tentam integrar suas teorias
e terapias psicológicas favoritas com o cristianismo. Cada psicólogo, ou
conselheiro, que tenta integrar teorias psicológicas com o cristianismo
acredita que a sua combinação é bíblica. Ele pode estar simplesmente
incorporando as teorias de personalidade pagãs e humanistas de homens
ímpios tais como Sigmund Freud, Carl Jung, Alfred Adler, Abraham Maslow,
Fritz Perls, Carl Rogers, Albert Ellis e/ou Viktor Frankl. No entanto, existem
sérios problemas nas tentativas de integrar as teorias psicológicas da
personalidade com a Bíblia.
O
principal problema é que tais teorias da personalidade e do aconselhamento
oferecem explicações antibíblicas sobre quem é o homem, como deve viver e como
mudá-lo. Embora possa aparentemente haver pontos de acordo, como a importância
do amor, em sua base e fundamento tais teorias são antitéticas e
contrárias ao Cristianismo. Cada uma apresenta uma visão de mundo
desprovida de Deus. Cada uma apresenta uma filosofia de vida antibíblica (quem
é o homem, por que ele está aqui, como ele deveria viver, para onde ele
irá depois de morrer). E cada uma oferece outro(s) meio(s) de
salvação e santificação. Portanto, as teorias psicológicas da personalidade
são, na verdade, sistemas religiosos pagãos rivais ao cristianismo
bíblico.
A doutrina dos quatro
temperamentos e outros sistemas de tipos de personalidade não se originaram nas
Escrituras. Eles fazem parte daquele conjunto filosófico/psicológico de
sistemas criados pelo homem e de opiniões pessoais que tentam explicar a
natureza do homem e apresentar métodos de mudança sem base nas Sagradas
Escrituras. Os autores cristãos que promovem os quatro temperamentos e
tipologias semelhantes baseiam as suas ideias em teorias psicológicas não
comprovadas e em observações subjetivas que não se baseiam nem nos rigores da
investigação científica nem nos rigores do estudo exegético da Bíblia.
As
teorias da personalidade e as tipologias do temperamento estão repletas de
noções humanas sobre a natureza do homem, como ele deve viver e como ele pode
mudar. Os testes de temperamento e os inventários de personalidade também
se baseiam no mesmo fundamento frágil da subjetividade psicológica, e não na verdadeira
ciência ou na Bíblia.
Que Tipo de Psicologia?
...Nossa
preocupação com ...a psicologia... é como ela trata da própria natureza
do homem, de como ele deveria viver e de como ele pode mudar. Como tais teorias
tratam dos aspectos não-físicos da pessoa, elas interferem na própria essência
das doutrinas bíblicas do homem, incluindo a sua condição decaída de total
depravação, a salvação tão somente pela graça, a responsabilidade
da santificação e o seu relacionamento de amor e obediência a Deus. As
teorias psicológicas oferecem uma variedade de explicações alternativas sobre a
condição humana, mas que são apenas opiniões e especulações com
aparência científica.
...Queremos
deixar perfeitamente claro, ...que acreditamos que a Bíblia é independente, inerrante,
infalível e autossuficiente. Não necessita de verificação ou apoio
científico. As pressuposições cristãs começam com as Escrituras, e qualquer
informação extraída do ambiente responde às Escrituras, e não vice-versa.
Portanto, não usamos resultados de pesquisas para provar que a Bíblia está
certa. Isso é totalmente desnecessário. Citamos pesquisas para revelar a
natureza não científica dos tipos de teorias e técnicas psicológicas que
parecem ser populares entre os cristãos evangélicos.
À
medida que continuarmos a abordar as nossas preocupações sobre a promoção
predominante de opiniões psicológicas, examinaremos a história e o
desenvolvimento dos quatro temperamentos e como eles se relacionam com a
prática da astrologia. Também examinaremos outras tipologias de personalidade,
inventários e perfis de personalidade, e os pressupostos básicos subjacentes ao
seu uso, em termos de serem cientificamente válidos, úteis na prática ou biblicamente
sólidos. E, finalmente, consideraremos uma alternativa bíblica às tipologias e
testes de personalidade.
[1]
Tim LaHaye. Por Que Você Age Dessa Maneira. Wheaton: Tyndale House
Publishers, Inc., 1984, capa da Edição Livros Vivos..
[ii] Hans
Eysenck. Fato e Ficção Na Psicologia. Baltimore: Penguin Books, 1965, p.
56.
[iii] John
Ankerberg e John Weldon. Astrologia: Os céus governam nosso destino?
Eugene, OR: Casa da Colheita Editores, pág. 189.
[iv] Peter
Glick, “Estrelas Em Nossos Olhos”. Psicologia Hoje, agosto de 1987, pág.
6.
Próximo estudo: As
Origens Ocultistas Da Doutrina dos Quatro Temperamentos. Um breve olhar na
história da doutrina dos quatro temperamentos revelará que suas origens estão
em mitos pagãos antigos e práticas ocultistas demoníacas.
Traduzido e
adaptado em outubro de 2023. Revisão 00. Pr M. Maciel.
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