Na discussão de Paulo sobre as
capacidades milagrosas concedidas aos cristãos do primeiro século na igreja de
Corinto [que cessaram após a conclusão da
Bíblia Sagrada – ver I Cor. 13:8 a 10], ele repetidamente se refere ao
dom de falar em línguas. [No original
Grego TR
λαλεω γλωσσα – laleo glossa.]
A inserção da palavra
“desconhecida” antes da palavra “língua” (glossa) em 1 Coríntios 14 ocorre seis
vezes na KJV - King James Bible 1611 (vs. 2,4,13,14,19,27)...1 – [N.T.: no
português na ACF ocorre a mesma prática, todas as vezes grafada em itálico
tanto no português quanto no inglês, indicando que a palavra não ocorre nos
originais.]
A palavra grega para “língua” era usada na
antiguidade para se referir tanto ao órgão físico da fala quanto aos idiomas
(línguas) falados. Infelizmente, a interpretação da palavra “desconhecida” se
presta ao equívoco de que os coríntios falavam em expressões extáticas ou
línguas “celestiais” que nenhum humano falava naturalmente.
Tal pensamento forneceu ímpeto
para a prática do movimento carismático de rabiscos ininteligíveis aos quais o
falante ou intérprete pode atribuir significados subjetivos e alegados. No
entanto, tanto o contexto, quanto a ocorrência de falar em línguas (outros
idiomas) em outras partes do Novo Testamento, demonstra que a prática consistia
apenas em línguas humanas conhecidas (outros idiomas conhecidos), que eram
desconhecidas para aquele que falava a língua (idioma), ou seja, o falante não
tinha treinamento prévio para aprender ou conhecer a língua (idioma). Ele
falava a língua (idioma) estritamente pelo poder milagroso de Deus.
Sem dúvida, a inserção de
“desconhecida” pelos tradutores da versão KJV não pretendia transmitir a ideia
de que as línguas eram desconhecidas de todos os humanos e, como tal, eram
línguas não terrenas, não humanas.
Atos 2 ilustra como o falar em
línguas funcionava na igreja primitiva. A investidura milagrosa do Espírito
Santo capacitou os apóstolos a falar línguas humanas estrangeiras (outros
idiomas que eles não haviam estudado) para pessoas de várias localidades geográficas
(por exemplo, partos, medos, árabes – Atos 2:9-11).
É precisamente por isso que Paulo
afirmou que “as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis;”
(1 Coríntios 14:22). Os incrédulos dificilmente ficariam impressionados se um
cristão apenas balbuciasse em rabiscos irracionais. Mas eles ficariam muito
impressionados - e se sentariam e prestariam atenção - se um cristão começasse
a falar sua língua (seu idioma), sabendo muito bem que o falante não conhecia
essa língua por conta própria2.
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Notas
1. Ocorre
também em outras versões adulteradas, baseadas no corrupto TC.
2. Lembro-me do
filme Milagre na Rua 34, de 1947, no qual uma menina holandesa, recém-chegada
de um orfanato em Roterdã, é trazida por sua mãe adotiva à Macy’s para ver o Papai
Noel. A criança abandonada está claramente no meio da solidão, pois está
separada de seu país e cultura e incapaz de conversar com outras pessoas em sua
língua de nascimento. Quando Kris Kringle de repente se dirige à garota em sua
língua nativa, ela instantaneamente se ilumina de emoção e se pergunta que o
Papai Noel pode falar holandês. Nisso reside o poder do falar em línguas do
primeiro século. Para uma longa discussão sobre esse assunto e milagres em
geral, veja Dave Miller (2020), Modern-Day Miracles? Os milagres, o falar em
línguas e o batismo no Espírito Santo ocorrem hoje? (Montgomery, AL:
Apologetics Press).
Traduzido, e
adaptado, de “Unknown Tongue”?, por DAVE MILLER, Ph.D. em setembro de 2022.
Revisão 00.
Original em
inglês na página ao Apologetic Press:
https://apologeticspress.org/unknown-tongue/
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