Teria o Messias Nascido No Meio da Imundícia?

 

Teria o Messias Nascido No Meio da Imundícia?

Tratando a blasfema afirmação de Max Lucado!




E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. – Lucas 2:7 (ACF)

 

O pastor evangélico, palestrante e autor americano de best-sellers Max Lucado, Oak Hills Church em San Antonio, Texas (https://www.oakhillschurch.com/) faz uma descrição do lugar do nascimento de Jesus como um lugar sujo de excrementos e urina dos animais, com palha suja e sem qualquer aplicação judaica de assepsia, conforme descrito e orientado no livro de Levíticos:

 

“Santidade misturada à imundície do excremento e suor das ovelhas. A divindade entrando no mundo no chão de um estábulo, através do útero de uma adolescente e na presença de um carpinteiro.” – A Chegada, Max Lucado (Fonte: https://www.hermeneutica.com/mensagens/chegada/)

 

A “interpretação/nova revelação” de Lucado segue o princípio da lógica Aristotélica usada pela igreja romanista, infelizmente assimilado pela maioria dos cristãos nominais. E essas pressuposições culturais deste texto são particularmente críticas porque a história nos chega através de uma longa tradição da Igreja Católica. Como por exemplo o mito de que os reis magos eram três e que estiveram presentes na noite do nascimento.

 

[Para esclarecimento sobre o erro de se afirmar que os magos eram em número de três e estiveram presentes na noite do nascimento de Cristo, por favor assista o vídeo estudo Crescendo no Conhecimento de Cristo, Elucidando Sobre os Magos (Mateus 2:1-12).]

 

A interpretação tradicional católica, usando a lógica Aristotélica Romanista, do versículo de Lucas 2:7 segue o seguinte caminho:

 

1.       Jesus foi deitado numa manjedoura.

 

2.      Manjedouras são encontradas naturalmente em estábulos.

 

3.      Logo, Jesus nasceu num estábulo.

 

Mas isso não passa de sofisma filosófico e não de interpretação exegética! Infelizmente muitos cristãos nominas estão fadados a aceitar essa interpretação tradicional. Infelizmente essa tradição está presente na mente dos crentes nominais, fazendo parte inclusive das representações teatrais de igrejas liberais.


Vamos fazer algumas perguntas sobre fatos que são interessantes de se notar:

 

1. Onde a Bíblia diz que eles ficaram num estábulo?

 

2. Onde a Bíblia diz que eles ficaram entre (no meio de animais)?

 

3. Onde a Bíblia diz que estava num lugar sujo e cheio de excrementos?

 

 

Resposta sincera: Em lugar nenhum! Não há aqui, senão, a interpretação barateada de “nova revelação” de Max Lucado, corroborando com a imagem católico romana.

 

 O que Lucas enfatiza é que não havia berço preparado e, dessa forma, usaram um berço improvisado, envolto em panos (ref. Lucas 2:7, 12, 16). Precisamos nos atentar ao que a Bíblia nos esclarece! E o que a Bíblia realmente diz?

 

“...Não havia lugar para eles na estalagem.” (Não que foram hospedados num estábulo sujo, imundo e cheio de excrementos!)

 

A palavra traduzida no português aqui por “estalagem” vem do grego καταλυμα (kataluma). Descreve um “quarto de hópedes”, “local de hóspedes”, “pousada para receber um hóspede”, “aposento” não um estabelecimento comercial.  

 

“Uma ‘estalagem’, por definição, é um estabelecimento comercial para estranhos e viajantes... Nos tempos do Novo Testamento, o sentimento religioso em relação à hospitalidade para com os estrangeiros (característico das culturas tribais e nômades) havia diminuído, de modo que, se o viajante não tivesse amigos ou parentes na região, ele precisava buscar abrigo mais impessoal. Suas únicas evidências para essa afirmação notável são os fatos de que os romanos construíram pontos de parada para mercadores e que as sinagogas, por vezes, ofereciam hospedagem. Contudo, a experiência de trinta anos do autor com moradores de vilarejos no Oriente Médio demonstra que a intensa honra prestada ao visitante ainda é muito presente, especialmente quando se trata de um filho da aldeia que retorna em busca de abrigo. Observamos casos em que toda a aldeia se reuniu em grande festa para saudar um jovem que chegou repentinamente, sem aviso prévio, à aldeia que seu avô havia deixado muitos anos antes. Naturalmente, as diferenças de idioma, costumes e política obrigaram os imperialistas romanos a fazer seus próprios arranjos. Reconhecemos que, ocasionalmente, os hóspedes judeus excedentes eram obrigados a dormir na sinagoga. Mas isso não diminui a hospitalidade especial que o morador do Oriente Médio, no passado e no presente, demonstra aos visitantes em geral e, em particular, a um dos seus. Assim, podemos afirmar que a presença de mansões romanas e a abertura de sinagogas para hóspedes judeus não demonstraram, de forma alguma, um declínio significativo da tradicional hospitalidade do Oriente Médio, especialmente se o hóspede reivindicasse a aldeia como sua terra natal.

Mas, além disso, a própria ideia de ‘hospedaria’ precisa ser tratada exegétcamente por vários motivos. Primeiro, Lucas usa ‘πανδοχειον, pandokheion’ para designar uma hospedaria comercial (cf. Lc 10:34 e 35). Essa palavra comum para hospedaria não é encontrada em nosso texto de Lucas 2. Segundo, o único outro uso do substantivo kataluma nos Evangelhos está em Lucas 22:11 (na King James “guestchamber” e na ACF “aposento”, e sua passagem paralela em Marcos 14:14), onde claramente não significa hospedaria comercial. Terceiro, como observamos, um homem que retorna à sua aldeia natal insulta sua família ou amigos ao ir a uma hospedaria. Quarto, permanece bastante incerto se Belém teria tido uma hospedaria comercial. Jeremias relata a presença de um grupo de pessoas que se hospedaram em “Gerute-Quimã, perto de Belém” (Jr 41:17). A palavra “Geruth” pode muito bem significar um local de hospedagem, mas mesmo assim, isso dificilmente demonstra que tal lugar ainda estivesse em funcionamento em Belém 500 anos depois, após a área ter sido invadida por babilônios, gregos, ptolomeus, selêucidas e romanos. Não temos conhecimento de nenhuma evidência de uma hospedaria comercial perto ou na vila após o exílio. Hospedarias, então como agora, eram encontradas em estradas principais. Nenhuma estrada romana importante passava por Belém, e pequenas vilas em estradas secundárias não tinham hospedarias. Quinto, qualquer tipo de hospedaria é culturalmente inaceitável como local para o nascimento de uma criança. Não se trata de uma questão de privacidade, mas sim do profundo sentimento de que um nascimento deve ocorrer em um lar. O texto não diz que a kataluma não era adequada, mas sim que estava lotada. Assim, o kataluma era um local onde o parto poderia ter ocorrido de forma apropriada, e uma hospedaria não era um lugar adequado. Finalmente, as versões árabe e siríaca nunca, em 1900 anos, traduziram kataluma com a palavra “estalagem”. Essa tradução é um produto da nossa herança ocidental. Portanto, de muitos pontos de vista, “estalagem” é uma tradução inadequada de kataluma. (Theological Review of the Near East School of Theology, Vol. 2, No. II, November 1979, The Biblie Archaeology)

 

As ‘πανδοχειον’ (pandokheion, ver Lucas 10:34 e 35 eram locais preparados e provisórios do oriente médio, construídas ou alugados para os viajantes. Era, como hoje se diz, um tipo de “alojamento”.  

 

O mais provável é que o casal não tenha ficado num “aposento” ou “quarto de hóspedes” comum, mas em outro lugar disponibilizado para eles. Alguns teólogos e estudiosos da geografia, história, cultura judaica do primeiro século e arqueologia corretamente supõe que poderia ter sido, até mesmo, uma caverna ou gruta adjacente, característico da região no primeiro século, e que o casal tenha usado a “manjedoura” (limpa, asseada, feita de berço, segundo preceitos levíticos) para o bebê e a mamãe.

 

Não nos custa pensar que, independentemente de onde tenha sido, essa área onde o casal permaneceu morando foi limpa e asseada para o parto e a chegada do bebê, sendo local onde tenha-se feito assepsia conforme as prescrições Levíticas. Enganoso pensar que José seria tão imprudente, descuidado e desobediente em relação à sua esposa, à lei e à situação.

 

Precisamos abrir um parênteses para confrontarmos outra “interpretação/revelação” tradicional romanista. Senão, descrevamos a “imagem tradicional” que está incrustrada na mente desatenta do crente mediano:

 

O casal chega tarde da noite. A hospedaria local exibe claramente uma placa de “sem vagas”. O casal cansado busca alternativas e não encontra nenhuma. Sem outra opção, exaustos da viagem e desesperados por qualquer abrigo devido ao parto iminente, eles passam a noite em um estábulo onde a criança nasce. Seria isso mesmo?

 

O fundamento dessa narrativa popular é categoricamente negado no texto de Lucas!

 

A tradição romanista muito popular, mesmo entre os crentes nominais, afirma que a criança nasceu na noite em que a família chegou. Mas em Lucas 2:4, somos informados de que Maria e José “subiram” a Belém. O versículo predispõe a chegada deles antes de se cumprirem os dias para o parto!

 

Então, no versículo 6, lemos: “E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.” (ênfase acrescida).  Assim, o texto afirma que houve um intervalo de tempo entre a chegada a Belém e o nascimento de Jesus! Maria “cumpriu os seus dias” em Belém, não durante a viagem. Podemos facilmente supor que poderiam ter se passado dias, algumas semanas talvez, ou até um mês ou mais!

Assim, o nascimento ocorreu em um abrigo adequado encontrado por José durante essas semanas, não num estábulo! Seria José tão totalmente incompetente a ponto de não conseguir providenciar um abrigo adequado depois de tantos dias de busca? Seria Belém tão insensível que, após dias e dias de intensas negociações, um homem com uma esposa grávida foi expulso por todos? Certamente que não!

 

O nascimento humilde do Messias, não pode ser confundido com um nascimento “imundo”, desajeitado e sem qualquer preparo. Lucado, portanto, chega a ser blasfemo em suas declarações.

 

E é interessante, há na região cavernas e grutas que não seriam de nada impossível pudessem providencias que o casal ficasse hospedados na rocha, segundo o costume, como uma casa. Mas a Bíblia nada diz claramente a respeito e seria apenas suposição livre, como o é o da interpretação dos animais sujos e defecando enquanto Jesus está deitado num berço improvisado feito apenas de palha suja!

 

Interessante enfatizar que arqueólogos tem descoberto que as casas de Belém no primeiro século, possuíam manjedouras “escavadas na pedra”, sendo o estrado reservado para a família. Tal manjedoura, limpa e asseada, e bem forrada com panos, serviria muito bem de berço improvisado.


 

Manjedoura original do primeiro século.



O local de nascimento de Jesus pode ter sido dentro ou fora da aldeia, numa gruta ou numa caverna (alguns interpretam Isaías 33:16 como tendo sido cumprido no seu nascimento) e, inclusive, numa área reservada de uma residência particular, que não fosse um “quarto de hóspedes” onde deveriam estar morando no período descrito.

 

Dessa forma, o que a Bíblia simplesmente diz é que “e deitou-o numa manjedoura” (Lucas 2:7, 12, 16) e isso porque foi usado como berço. Ou seja, o local não dispunha de berço e não era adequado para o parto! E só isso!

 

Seguindo a hospitalidade e cuidado judaicos descritos em Levíticos e o cuidado com a assepsia, é muito improvável estivesse misturado com sujeiras, fezes, e outros empecilhos para a saúde do bebê.  O casal um local mais adequado para realizar o parto!

 

A Bíblia nada diz que Jesus nasceu num momento de improviso, sem qualquer assepsia, com a inanição e despreparo de José, no meio de animais diversos, num local cheio de fezes, urina, palha suja e lixo!

 

O Messias não nasceu em meio à imundícia de animais, embora tenha o filho de DEUS encarnado e nascido num mundo de pecado a fim de salvar pecadores!

 

E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. – Mateus 1:22 (ACF)

 

 

 

Dezembro, 2025.

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